Bradesco reafirma que não haverá demissão em massa com a compra do HSBC
A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco cobrou da direção do banco, no dia 9 de junho, a responsabilidade social sobre emprego, devido ao número de demissões. Contudo, nesta quarta-feira (22), durante reunião da mesa de negociação sobre emprego, em São Paulo, o banco afirmou que não há um processo de demissões devido a restruturação em decorrência da compra do HSBC.
Mais uma vez, o banco negou a onda de demissões, alegando que os cortes são de ordem natural, ou seja, por motivo de desempenho, pedidos de demissões e aposentadorias.
Segundo o coordenador da COE do Bradesco, Gheorge Vitti, a realidade é outra. Além do trauma das demissões, não houve reposição de trabalhadores nos bancos. “Para se ter uma ideia, de dezembro de 2015 a março deste ano, foram extintas 1.466 vagas de trabalho, sem a devida contratação para repor estes postos de trabalho ocasionando, inclusive para quem fica, sobrecarga de trabalho”, disse Vitti.
Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no primeiro trimestre de 2016, o banco Bradesco teve lucro líquido ajustado de R$ 4,113 bilhões. Mesmo fechando o início do ano com lucro, o banco manteve sua política de cortes. Em apenas um ano, de março de 2015 a março de 2016, foram 3.581 empregos a menos no segundo maior banco privado do país.
Na mesma oportunidade foi apontado pela COE que, com o cruzamento das informações feitas através de federações e sindicatos referentes às homologações, a realidade não condiz com as informações trazidas pelos representantes do banco.
Durante a reunião o banco admitiu que hão houve contratações no mesmo volume de desligamentos em todo o território nacional e assumiu o compromisso de ter um olhar mais minucioso em todo o país, começando nas regiões onde há maior defasagem de trabalhadores para fazer o devido ajuste. Ainda afirmou que as contratações não ocorreram do mesmo tamanho devido à crise.
Os representantes dos trabalhadores vão fazer os levantamentos devidos para acelerar o processo de preenchimento de vagas nos postos de trabalho.
Para o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, todos estes processos de fusão sempre trazem prejuízos aos trabalhadores. “Iremos acompanhar de perto para que os trabalhadores tenham seus direitos e empregos garantidos. Esperamos que de fato todos os compromissos assumidos pelo HSBC sejam cumpridos pelo Bradesco, como por exemplo, auxílio-educação, recém renovado, pagamento de programa próprio, entre outros, como foi dito na reunião”, destacou.
Na mesma linha, o presidente do Sindicato dos bancários de Curitiba e Região, Elias Hennemann Jordão, disse que o banco resgatou a sua história de aquisições/fusões de outros bancos, reafirmando que nunca houve demissões em massa. “Como o banco garantiu que tem a intenção de aproveitar o quadro oriundo do HSBC, vamos ficar atentos, inclusive com a possibilidade de aproveitamento de várias áreas e departamentos em Curitiba. Estaremos atentos e mobilizados prontos para reagir se os trabalhadores forem penalizados em seus direitos principalmente no que diz respeito ao emprego.”
Reivindicações específicas
O banco trouxe o retorno das reivindicações específicas dos trabalhadores do Bradesco, sendo que em relação ao fim do assédio moral e das metas abusivas, haverá uma reunião para que haja aprofundamento maior sobre este tema.
Sobre a implantação do Plano de Carreira, Cargos e Salários, o banco manteve a sua posição de empresa com plano de carreira fechado, porém apresentou que há um novo sistema de oportunidades, através do SAP (trilhas). Desta forma fica mais objetivo o processo de ascensão, de promoção ou de oportunidades em outras áreas da empresa e que, junto com o grupo de trabalho que será criado para acompanhar o ponto eletrônico, será disponibilizado aos dirigentes sindicais conhecer este sistema.
Na questão sobre a ampliação da rede de atendimento do plano de saúde e odontológico, o banco se comprometeu a reativar as reuniões por federações com o intuito de ampliar a rede de atendimento.
Sobre a garantia dos direitos dos funcionários lesionados, que tenham passado por sequestro, afastados do trabalho, e sobre a construção de programa de retorno ao trabalho, será aprofundado com a retomada do Grupo de Trabalho de Saúde.
Em relação ao parcelamento do desconto do adiantamento do salário de férias, o banco formulará quesito sobre este ponto e oportunamente apresentará em breve.
Já sobre o programa treinet no horário de trabalho, atendendo reivindicação do movimento, o banco implementou travas para que se consiga fazer o treinamento somente no horário comercial.
No item sobre licença adoção, o Bradesco também se compromete a estudar este tema e também trazer o retorno o mais breve possível.
Na questão do Vale Refeição e Vale Alimentação, os bancários reivindicaram do banco que fosse oferecido uma opção de percentual para fracionar e distribuir os valores dos vales refeição e alimentação, considerando aquilo que lhe seja mais favorável, o banco se compromete a estudar este tópico e dar um retorno.
Em relação à taxa de crédito pleiteada, o banco solicitou um período para analisar esta reivindicação com o objetivo de verificar se terá condições de atender.
“Somente a mobilização e a unidade dos trabalhadores na luta resultarão para que na prática a empresa cumpra com o seu papel social em relação ao emprego, além de vários outros pontos dentro da nossa minuta de reivindicações que teremos oportunidades de avançarmos. Por isso, devemos nos manter ainda mais unidos e mobilizados frente os desafios em relação ao processo de incorporação do HSBC, referente ao emprego e a isonomia de direitos”, finalizou Vitti.
Período de transição
O período de transição começa no dia 1º de julho, quando deve haver o pagamento pelo Bradesco, onde se desvincula o HSBC Brasil do resto do grupo HSBC ficando sobre administração do Bradesco. Este processo, deve ser finalizado no dia 7 de outubro, quando haverá a integração de todo o sistema.
Todos os benefícios dos funcionários do HSBC permanecem como estão até o dia 7 de outubro. Depois, ficarão a cargo do Bradesco. Se houver qualquer problema, como por exemplo, caso o funcionário esteja em tratamento de saúde, ele deverá ser tratado em especial com banco e acompanhado pelo Sindicato.
A partir de outubro, a folha de pagamento passa a ser do Bradesco, onde as datas não coincidem com as do HSBC. Os representantes dos trabalhadores reivindicaram que os compromissos dos trabalhadores do HSBC acompanhem a mudança de datas, como os financiamentos, seguros e cartões.
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