16/12/2015

Banco Santander é "simples, pessoal e justo" somente no discurso

“Simples, Pessoal e Justo”. Estes são os três pilares que, segundo o discurso propagado pelo Santander, norteiam a atuação do banco, tanto na relação com clientes, como com seus trabalhadores. Porém, a beleza das palavras desaparece, esvazia-se de sentido, quando um bancário escancara a dura realidade enfrentada pelos funcionários da instituição. É o caso de um gerente geral, desligado após mais de 15 anos de banco por alegada baixa produtividade.

O bancário procurou o Sindicato dos Bancários de São Paulo e denunciou a conduta desrespeitosa por parte do diretor comercial da Rede SP-Capital, Marcelo Malanga, e também a cobrança abusiva por metas inalcançáveis. Além disso, também enviou uma carta à presidência do banco espanhol.

Segundo o bancário, Malanga sempre se portou de forma irônica durante reuniões com gerentes gerais. “Ele entrava nas reuniões sendo irônico, ameaçando de demissão os que não atingissem os resultados propostos, sempre com um tom extremamente desrespeitoso.”

Além disso, ele conta que o ranking de gerentes gerais é exposto para todos que exercem esta função por meio da identificação da agência que, segundo o bancário, substitui o nome do funcionário “para não dar problema com o Sindicato”.

De acordo com o trabalhador, o novo modelo de cobrança de metas no Santander, o Programa Jeito Certo, agravou ainda mais a pressão sobre os bancários da instituição.

“Antes tínhamos o super ranking, onde cumpríamos as metas de vendas de produtos. Agora, além das vendas, temos que bater metas trimestralmente na construção do negócio, que resume-se na evolução dos produtos vendidos e também em um terceiro ranking, que é o faturamento da agência menos o PDD (provisão para devedores duvidosos). Posteriormente, somos colocados em um quadrante que avalia a aderência nesse modelo e os resultados. Se vamos mal nos dois eixos, ficamos no quadrante ´D´, que brincamos que é ´D´ de demissão”, conta o ex-funcionário do Santander.

O bancário afirma ainda que o novo modelo não respeita as características específicas de cada agência. “Nos últimos doze meses, o banco está vendendo menos crédito e aumentou o PDD. Uma agência pequena, como era a minha, sente muito esses fatores. Mas, mesmo assim, neste ano a agência estava com resultado positivo e fui enquadrado na categoria D do mesmo jeito. E fui dispensado.”

Ele ressalta que o prometido foco no atendimento do Programa Jeito Certo não passa de perfumaria. “A cobrança por metas e resultados aumentou ainda mais. O Santander é um banco esquizofrênico. Focam na venda de seguros e, quando nos esforçamos mais para esse produto, perdemos pontuação nos outros. O banco não dá espaço para o funcionário trabalhar, é uma pressão diária por resultados inalcançáveis. Por exemplo, quando começou o Jeito Certo, falavam que não teria mais o Dia do Produto. Mentira! Continua tendo do mesmo jeito. O bancário fica parecendo um soldado do Estado Islâmico, atirando para todos os lados para vender.”

“Estou muito triste. Não quero mais trabalhar em banco. Cansei! O Santander sufoca. Parece uma namorada ciumenta que te liga de dois em dois minutos, só que nesse caso cobrando metas”, desabafa.

O dirigente sindical e bancário do Santander Wagner Cabanal esclarece que o caso do gerente geral não é uma exceção. “Recebemos diversas denúncias muito parecidas. O Programa Jeito Certo, celebrado pelo banco como uma forma de premiar o trabalhador pela qualidade do atendimento, manteve a lógica de avaliar os bancários por meio das metas absurdas que são estabelecidas para a venda de produtos”, comenta.

Já a diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e bancária do Santander Vera Lúcia Marchioni enfatiza: “É ainda mais grave que o diretor comercial de uma cidade como São Paulo continue a comportar-se desta maneira desrespeitosa, ameaçando bancários de demissão. Exigimos que o banco não seja conivente e tome medidas para coibir que pessoas do seu mais alto escalão, remunerados a peso de ouro, continuem a apostar na gestão baseada no medo, levando centenas de trabalhadores ao adoecimento".
Fonte: Seeb SP

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