Greve inédita paralisa Banco do Brasil no Japão por questões trabalhistas
Funcionários do Banco do Brasil no Japão decretaram na quarta-feira, 20, greve por tempo indeterminado nas sete agências do BB em Tóquio e outras grandes cidades japonesas. A paralisação é inédita no Japão.
Segundo Hélio Kengo Watanabe, presidente do Sindicato dos Funcionários do Banco do Brasil no Japão, os bancários reivindicam a readmissão de colegas dispensados sem justa causa e pede a revisão no rebaixamento de cargo aplicado a alguns comissionados.
Segundo Watanabe, "a administração do BB Japão submete a equipe a remoções sistemáticas em diferentes cidades, e os bancários sindicalizados têm sido alvo de constante retaliação".
Os problemas com os bancários do BB no Japão começaram em dezembro do ano passado, quando a administração local do banco implantou uma política que aumentou em até 800% as metas a serem alcançadas pelos trabalhadores.
"A Contraf-CUT está solidária com os companheiros do Japão. Essa política do BB choca-se frontalmente com a realidade japonesa, que já sofria com as consequências da crise econômica mundial. A situação foi imensamente agravada com o terremoto e o tsunami de março, fortalecendo o sentimento do povo japonês de que todos têm que se unir para reconstruir o país. Os descomissionamentos e demissões ocorrem no meio dessa crise, o que demonstra a total falta de sensibilidade do BB", afirma Marcel Barros, secretário-geral da Contraf-CUT.
Segundo Marcel, por solicitação da UNI-Sindicato Global a Contraf-CUT tentou uma intermediação com a administração local do BB e com a direção do banco em Brasília, "mas a insensibilidade do Banco do Brasil, tanto em Tóquio quanto aqui, vem dificultando a negociação".
Processo
O Banco do Brasil opera no Japão há 38 anos com 160 funcionários, sendo 120 sindicalizados. Os cargos de gerência-adjunta são ocupados por 10 funcionários de carreira, vindos do Brasil. O impasse entre os bancários e a gerência se arrasta desde fevereiro, quando o sindicato impetrou ação contra o BB no Ministério do Trabalho japonês. Eles contestam a demissão e transferência de funcionários.
Na quarta-feira à tarde 75 grevistas se concentraram no Hibiya Park em Tokyo e de lá rumaram em passeata até o Tribunal onde ocorreu a segunda audiência trabalhista. A paralisação prejudica operações financeiras, como as remessas e contas-poupança de cerca de 80 mil dekasseguis correntistas do Banco do Brasil. O banco também atende empresas e clientes japoneses.
Fonte: Contraf-CUT
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