05/06/2024
Metas abusivas colaboram para ciclo de violências e precisa estar no centro da Campanha Nacional
O secretário de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mauro Sales, abriu a mesa de debate “Saúde e condições de trabalho”, do 34º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, evento que ocorre nesta quarta-feira (5) e termina amanhã (6). Durante sua fala, apresentou os resultados da pesquisa “Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias do Trabalho Bancário”, encomendada pela categoria ao Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UNB) e que revela que o “adoecimento mental é uma verdadeira pandemia na categoria”, completou.
Antes de apresentar os dados da pesquisa, respondida por cerca de 5 mil bancários e bancárias, Mauro Sales falou do mecanismo do adoecimento hoje em voga nas empresas. “É um ciclo que envolve a busca por lucro, portanto induz à competição acirrada, com aumento do ritmo de trabalho e mais pressão por resultados e metas”. Mauro ressaltou ainda que existem estudos que mostram que mulheres e negros são os mais pressionados por esse ciclo de adoecimento.
A maior parte (86,7%) dos respondentes da pesquisa Instituto de Psicologia da UnB declarou estar trabalhando no momento da pesquisa. E os principais dados revelados pelo trabalho são:
– 40,4% declararam já ter ido trabalhar mesmo com atestado médico recomendando afastamento do trabalho para tratamento;
– O principal motivo declarado para buscar tratamento médico foi o trabalho (54,5%), indicando uma medicalização do sofrimento no trabalho, o que pode causar graves danos à saúde;
– Quase metade dos respondentes (40,2%) declarou estar em acompanhamento psiquiátrico;
– Entre os que estão em acompanhamento psiquiátrico, 91,5% estão utilizando medicações prescritas pelo psiquiatra;
– 76,5% declarou ter tido pelo menos um problema de saúde que considera relacionado ao trabalho no último ano;
– Mais da metade declarou estar em acompanhamento médico com outras especialidades (59,7%).
Mauro destacou que os resultados da pesquisa apontam para a presença intensa de todos os fatores e riscos psicossociais. “Trata-se de um resultado crítico que indica a alta ocorrência de situações associadas a um modelo de gestão pautado no controle e na vigilância, causando patologias da sobrecarga e da violência e múltiplos sintomas de adoecimento no nível físico, psicológico e social”, disse.
Outro ponto ressaltando pela pesquisa foi a chamada “patologia da violência”, caracterizada pela condição de desmotivação, falta de liberdade de expressão e de opções no trabalho, com indiferença entre colegas e a desconfiança entre chefia e subordinados: 54,8% dos entrevistados responderam que existe a presença intensa da patologia da violência em seus trabalhos; outros 13,4% afirmaram que a presença é modesta e 31,8% que há presença.
Sobre a “patologia da sobrecarga”, caracterizada pelo cansaço, desgaste, sobrecarga e frustração: 80,5% afirmaram haver presença intensa; 4,1% presença modesta e 15,4% presença dessa patologia.
Sobre os sintomas do adoecimento exposto na pesquisa, como sentimentos de tensão, incapacidade de relaxar, fadiga, agitação e irritabilidade: 55,5% afirmaram haver presença intensa; 12,9% presença modesta e 31,6% presença.
“Não é normal esse nível de violência e pressão nos bancos. Precisamos elevar essa consciência entre nossos colegas, sobre esse modelo de gestão que é inaceitável. Em segundo lugar, precisamos dar visibilidade dessa situação não só entre os trabalhadores, mas entre a sociedade”, pontuou Mauro. “Esse tema tem que ser, de fato, prioridade em nossa campanha nacional”, reforçou.
Para isso, o secretário apontou para a necessidade de revisão e atualização da Cláusula 61, dentro das prioridades da campanha.
Caixa de assistência dos funcionários do BB
Graça Machado, Vice-presidente de Relações Institucionais da ANABB (Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil) e recentemente eleita Conselheira Deliberativa da Cassi, a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, destacou diversos desafios e propostas para melhorar o funcionamento e a eficiência do plano de saúde dos funcionários do banco.
Ela enfatizou a importância de aproximar o plano de saúde dos associados, destacando que a quantidade de credenciados não necessariamente se traduz em um bom atendimento. “A quantidade de credenciados não significa dizer que todos têm atendimento”, afirmou.
Graça também ressaltou a característica única da Cassi como um plano de saúde de gestão compartilhada, onde a diretoria é composta tanto por eleitos quanto por indicados pelo banco. “A Cassi é um plano de saúde de gestão compartilhada. Não adianta uma diretoria dizer ‘eu vou fazer’. É um plano de saúde que os eleitos têm duas pessoas na diretoria e o banco indica duas pessoas. É o único plano de saúde que eu conheço que tem eleitos dentro da sua diretoria, isso é uma conquista dos trabalhadores, é uma conquista nossa”, destacou.
Mas Graça também apresentou propostas para a entidade, entre as quais a revisão do modelo de credenciamento, atualmente visto como burocrático e moroso, o que leva muitos prestadores a desistirem do credenciamento por exaustão. Ela sugeriu também a eliminação do estoque de solicitações de credenciamento, que atualmente chega a quase mil, e a credenciamento em regiões carentes, para melhorar o atendimento aos associados.
Além disso, Graça Machado mencionou os desafios relacionados ao custeio, a situação dos funcionários que ingressaram após 2018 e os desafios dos egressos do banco. “Estamos num momento de construção e de avançar nessa construção, porque os desafios são muito grandes”, concluiu, enfatizando a importância da construção coletiva para enfrentar esses desafios e alcançar conquistas para todos os associados da Cassi.
O presidente da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), Cláudio Fortes Said, também participou da mesa de debates, reforçando, a partir dos dados apresentados por Mauro Salles, sobre a gestão que adoece os bancários. “Nesse ponto, a Cassi tem um papel fundamental. E concordamos com Mauro, de que precisamos, na Campanha Nacional deste ano, priorizar o tema da saúde”, acrescentou.
Said ressaltou que, uma forma de a Cassi contribuir contra o cenário de intenso adoecimento da categoria, é por meio do modelo de gestão atual da entidade, que tem aumentando os investimentos na atenção integral à saúde, baseado na atenção primária.
“Nosso projeto é subir de 65 para 99 as CliniCassi, com o propósito de evitar o adoecimento. Porque não é pagando pela cura, tão somente, que vamos dar mais qualidade de vida aos nossos associados e dependentes, mas prevenindo. E, com isso, também reduzimos os gastos da Cassi, tornando-a mais sustentável”.
Said destacou ainda que o sistema de solidariedade e de autogestão da Cassi é fundamental para a entidade. “Estamos fazendo uma transição para uma saúde, mas uma saúde vista no contexto completo de estado de bem estar social, não apenas com o olhar concentrado na enfermidade”, destacou, enfatizando que o espaço de trabalho e condições sociais são determinantes para a saúde. “A Cassi tem como trufo saber quem é o associado, onde ele está, para desenvolvermos melhor esse modo de gestão e atuação no atendimento à saúde”, pontuou.
Antes de apresentar os dados da pesquisa, respondida por cerca de 5 mil bancários e bancárias, Mauro Sales falou do mecanismo do adoecimento hoje em voga nas empresas. “É um ciclo que envolve a busca por lucro, portanto induz à competição acirrada, com aumento do ritmo de trabalho e mais pressão por resultados e metas”. Mauro ressaltou ainda que existem estudos que mostram que mulheres e negros são os mais pressionados por esse ciclo de adoecimento.
A maior parte (86,7%) dos respondentes da pesquisa Instituto de Psicologia da UnB declarou estar trabalhando no momento da pesquisa. E os principais dados revelados pelo trabalho são:
– 40,4% declararam já ter ido trabalhar mesmo com atestado médico recomendando afastamento do trabalho para tratamento;
– O principal motivo declarado para buscar tratamento médico foi o trabalho (54,5%), indicando uma medicalização do sofrimento no trabalho, o que pode causar graves danos à saúde;
– Quase metade dos respondentes (40,2%) declarou estar em acompanhamento psiquiátrico;
– Entre os que estão em acompanhamento psiquiátrico, 91,5% estão utilizando medicações prescritas pelo psiquiatra;
– 76,5% declarou ter tido pelo menos um problema de saúde que considera relacionado ao trabalho no último ano;
– Mais da metade declarou estar em acompanhamento médico com outras especialidades (59,7%).
Mauro destacou que os resultados da pesquisa apontam para a presença intensa de todos os fatores e riscos psicossociais. “Trata-se de um resultado crítico que indica a alta ocorrência de situações associadas a um modelo de gestão pautado no controle e na vigilância, causando patologias da sobrecarga e da violência e múltiplos sintomas de adoecimento no nível físico, psicológico e social”, disse.
Outro ponto ressaltando pela pesquisa foi a chamada “patologia da violência”, caracterizada pela condição de desmotivação, falta de liberdade de expressão e de opções no trabalho, com indiferença entre colegas e a desconfiança entre chefia e subordinados: 54,8% dos entrevistados responderam que existe a presença intensa da patologia da violência em seus trabalhos; outros 13,4% afirmaram que a presença é modesta e 31,8% que há presença.
Sobre a “patologia da sobrecarga”, caracterizada pelo cansaço, desgaste, sobrecarga e frustração: 80,5% afirmaram haver presença intensa; 4,1% presença modesta e 15,4% presença dessa patologia.
Sobre os sintomas do adoecimento exposto na pesquisa, como sentimentos de tensão, incapacidade de relaxar, fadiga, agitação e irritabilidade: 55,5% afirmaram haver presença intensa; 12,9% presença modesta e 31,6% presença.
“Não é normal esse nível de violência e pressão nos bancos. Precisamos elevar essa consciência entre nossos colegas, sobre esse modelo de gestão que é inaceitável. Em segundo lugar, precisamos dar visibilidade dessa situação não só entre os trabalhadores, mas entre a sociedade”, pontuou Mauro. “Esse tema tem que ser, de fato, prioridade em nossa campanha nacional”, reforçou.
Para isso, o secretário apontou para a necessidade de revisão e atualização da Cláusula 61, dentro das prioridades da campanha.
Caixa de assistência dos funcionários do BB
Graça Machado, Vice-presidente de Relações Institucionais da ANABB (Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil) e recentemente eleita Conselheira Deliberativa da Cassi, a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, destacou diversos desafios e propostas para melhorar o funcionamento e a eficiência do plano de saúde dos funcionários do banco.
Ela enfatizou a importância de aproximar o plano de saúde dos associados, destacando que a quantidade de credenciados não necessariamente se traduz em um bom atendimento. “A quantidade de credenciados não significa dizer que todos têm atendimento”, afirmou.
Graça também ressaltou a característica única da Cassi como um plano de saúde de gestão compartilhada, onde a diretoria é composta tanto por eleitos quanto por indicados pelo banco. “A Cassi é um plano de saúde de gestão compartilhada. Não adianta uma diretoria dizer ‘eu vou fazer’. É um plano de saúde que os eleitos têm duas pessoas na diretoria e o banco indica duas pessoas. É o único plano de saúde que eu conheço que tem eleitos dentro da sua diretoria, isso é uma conquista dos trabalhadores, é uma conquista nossa”, destacou.
Mas Graça também apresentou propostas para a entidade, entre as quais a revisão do modelo de credenciamento, atualmente visto como burocrático e moroso, o que leva muitos prestadores a desistirem do credenciamento por exaustão. Ela sugeriu também a eliminação do estoque de solicitações de credenciamento, que atualmente chega a quase mil, e a credenciamento em regiões carentes, para melhorar o atendimento aos associados.
Além disso, Graça Machado mencionou os desafios relacionados ao custeio, a situação dos funcionários que ingressaram após 2018 e os desafios dos egressos do banco. “Estamos num momento de construção e de avançar nessa construção, porque os desafios são muito grandes”, concluiu, enfatizando a importância da construção coletiva para enfrentar esses desafios e alcançar conquistas para todos os associados da Cassi.
O presidente da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), Cláudio Fortes Said, também participou da mesa de debates, reforçando, a partir dos dados apresentados por Mauro Salles, sobre a gestão que adoece os bancários. “Nesse ponto, a Cassi tem um papel fundamental. E concordamos com Mauro, de que precisamos, na Campanha Nacional deste ano, priorizar o tema da saúde”, acrescentou.
Said ressaltou que, uma forma de a Cassi contribuir contra o cenário de intenso adoecimento da categoria, é por meio do modelo de gestão atual da entidade, que tem aumentando os investimentos na atenção integral à saúde, baseado na atenção primária.
“Nosso projeto é subir de 65 para 99 as CliniCassi, com o propósito de evitar o adoecimento. Porque não é pagando pela cura, tão somente, que vamos dar mais qualidade de vida aos nossos associados e dependentes, mas prevenindo. E, com isso, também reduzimos os gastos da Cassi, tornando-a mais sustentável”.
Said destacou ainda que o sistema de solidariedade e de autogestão da Cassi é fundamental para a entidade. “Estamos fazendo uma transição para uma saúde, mas uma saúde vista no contexto completo de estado de bem estar social, não apenas com o olhar concentrado na enfermidade”, destacou, enfatizando que o espaço de trabalho e condições sociais são determinantes para a saúde. “A Cassi tem como trufo saber quem é o associado, onde ele está, para desenvolvermos melhor esse modo de gestão e atuação no atendimento à saúde”, pontuou.
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