28/07/2022

Santander contribui com crise no país e ainda tem lucros elevados

O lucro líquido gerencial do Banco Santander foi de R$ 4,084 bilhões no segundo trimestre de 2022, o que representa redução de 2,1% em relação ao mesmo período de 2021 e aumento de 2% em relação ao trimestre anterior. No semestre, o lucro alcança os R$ 8.089 bilhões, queda de 0,5% em comparação aos seis primeiros meses do ano passado. O retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado (ROE) do banco foi de 20,7%, com queda de 0,4 ponto percentual (p.p.) em 12 meses. O lucro no Brasil representou 27,9% (€ 1,365 bilhão) do banco global (€ 4,894 bilhões), que apresentou alta de 16% em 12 meses.

A Carteira de Crédito Ampliada no país teve alta de 4% no trimestre (6,4% em 12 meses), atingindo R$ 543 bilhões. As operações com pessoas físicas cresceram 14% em 12 meses (R$ 216,4 bilhões). O crescimento nesse item se deu em todas as linhas, mas foram impulsionadas por crédito pessoal (+25%) e cartão de crédito (+22%). A Carteira de Financiamento ao Consumo, originada fora da rede de agências, somou R$ 65,7 bilhões, com alta de 5,7%, em relação a junho de 2021. Desse total, R$ 57,1 bilhões (87%) referem-se a financiamentos de veículos para pessoa física (+1,3% em 12 meses). O crédito para pessoa jurídica caiu 0,7% em 12 meses, alcançando R$ 186,5 bilhões. O segmento de pequenas e médias empresas cresceu 6,7% nesse período, e o de grandes empresas reduziu 4,1%.

O Índice de Inadimplência Total superior a 90 dias, que inclui pessoa física e jurídica, ficou em 2,9%, alta de 0,7 p.p. em comparação ao primeiro semestre de 2021. Já as despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) foram incrementadas em 54,6%, acompanhando a mudança no mix de produtos do banco (especialmente, para pessoa física), e totalizaram R$ 10,9 bilhões em junho de 2022.

Para a coordenadora da Comissão Organizadora de Empregos (COE) do Santander, Lucimara Malaquias, “a redução do lucro, o aumento da inadimplência e aumento da PDD são resultados da política do atual governo federal e do próprio Santander, que apostam na desigualdade, na demissão, nos juros e tarifas extorsivos, que aprofundam a pobreza e a exclusão. Ou seja, é o reflexo de uma economia estagnada, associada a alta inflação que penaliza parcelas importantes da sociedade”, destaca. “A contrapartida social com geração de empregos e distribuição adequada dos lucros tem sido pauta permanente do movimento sindical”, completa Lucimara.

A receita com prestação de serviços mais a renda das tarifas bancárias reduziu 0,6% em 12 meses, e ficou em R$ 9,5 bilhões. As despesas de pessoal mais PLR cresceram 10,3% no ano, somando R$ 4,9 bilhões. Assim, em junho de 2022, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 194,5%.

A holding encerrou o primeiro semestre de 2022 com 48.406 empregados, com abertura de 1.980 postos de trabalho em 12 meses. Só no trimestre foram encerrados 684 postos de trabalho. E, em 12 meses, foram fechadas 327 agências e 105 PAB’s, sendo que, no segundo trimestre do ano, foram encerradas 49 agências e 23 PAB’s.

“O que significa o lucro do Santander no país do desemprego e da fome?”, questiona o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Luiz Eduardo Campolungo. “O lucro do banco traz o carimbo do adoecimento do bancário, das demissões de trabalhadores, da sobrecarga de trabalho e extrapolação da jornada, do assédio moral, da cobrança abusiva por metas e da terceirização, que na prática significa redução de direitos”, enfatiza o dirigente.

Eduardo acrescenta que não dá mais para manter um modelo em que só especuladores e banqueiros ganham e todo o resto da classe da trabalhadora e da sociedade perdem.

“Como fica a responsabilidade social do banco que tem a sua maior fatia do lucro Global no Brasil? Se um banco fere os direitos dos seus trabalhadores, o Sindicato reage. Manifestações realizadas em todo o país durante essa semana levaram a empresa a se abrir para o diálogo. Vamos deixar claro à direção do Santander que não vamos aceitar que reestruturações sejam implementadas sem negociação com as entidades representativas e que iremos tomar todas as medidas necessárias para defender e garantir os direitos dos trabalhadores”, conclui o diretor.
 
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

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