22/11/2021
Sindicato cobra fim das demissões, que voltam a assombrar bancários do Itaú no fim de ano
Na chegada do fim de ano, e ainda com a pandemia em curso, que mantém um saldo de mais de 13 milhões de desempregados, o Itaú – que obteve lucro de R$ 19,7 bilhões apenas entre janeiro e setembro de 2021 – voltou a promover dezenas de demissões nos últimos dias.
Muitas das dispensas foram de trabalhadores que estavam voltando de licença médica por doenças como depressão, síndrome do pânico e síndrome de burnout – adquiridas justamente no trabalho para o banco.
Outros foram demitidos durante o período de reabilitação, ou ainda que continuam em home office por serem do grupo de risco para o coronavírus.
Além disso, houve casos de funcionárias que foram dispensadas ao voltar da licença maternidade.
Em reunião com o RH do banco, nesta quinta-feira (18), o movimento sindical voltou a exigir o fim das demissões e a redução das metas.
"O Itaú persiste em dar demonstrações de falta de compromisso em amenizar o momento trágico que vivemos. Ainda em meio à pandemia de Covid-19, o banco segue demitindo trabalhadores sem nenhuma justificativa plausível, deixando famílias inteiras à própria sorte. Nada justifica o Itaú eliminar postos de trabalho, implementar uma rotatividade tão alta e desrespeitar tanto os seus funcionários, que são os principais responsáveis pelos lucros recorde alcançados pelo banco neste ano, sobretudo trabalhadores fragilizados por doenças desenvolvidas justamente por conta do ambiente massacrante do banco, ou de funcionárias voltando de licença maternidade", ressalta o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Luiz Eduardo Campolungo.
Desculpas esfarrapadas
Na hora da demissão, os bancários frequentemente ouvem justificativas como “o banco está reestruturando e você não se encaixa mais no perfil da área”, “você não está mais nos planos do banco” ou, simplesmente, “o banco optou por te demitir”.
Grande parte dos gestores inventam desculpas esfarrapadas e não tem sequer a sensibilidade ou a dignidade de dizer o motivo real da demissão. Até nesta hora difícil os trabalhadores merecem respeito, e o Itaú deve, antes de tudo, cessar as demissões e diminuir as metas, além de promover um curso de RH para os seus gestores, que muitas vezes não sabem lidar com seus subordinados.
O Sindicato está reivindicando, junto ao banco, a volta do Centro Realocação para empregados que perdem sua função em determinada área ou departamento.
“Cobramos que o banco realoque os trabalhadores que não se enquadram mais no perfil da área, ao invés de joga-los diretamente no desemprego. É inadmissível que um banco do porte do Itaú, que continua lucrando alto mesmo em meio a crise econômica que enfrentamos, mande para a rua pais e mães de família que terão grande dificuldade de se recolocarem no mercado de trabalho. Cadê a responsabilidade social tão divulgada nas propagandas?", questiona Campolungo.
Assédio moral
Além das demissões, os trabalhadores também enfrentam assédio moral constante, o que gera muita angústia e adoecimento.
Os bancários contam que ouvem ameaças do tipo “se você não bater a meta, não tem mais como te segurar na empresa”, ou “você vai ser o próximo a ser demitido”.
Os funcionários em home office recebem ligações e mensagens constantes por meio das quais são pressionados por resultados, sob risco de dispensa.
"Há uma competição e hoje não é mais em relação aos colegas, é uma competição consigo mesmo. Você tem que se superar a cada dia para assegurar a permanência no trabalho e esse ritmo tem consequências bastante desastrosas para a saúde física e psicológica dos trabalhadores", denuncia o diretor.
Os controladores do Itaú têm de perceber que este ambiente é contraproducente para o próprio banco, pois gera muitos adoecimentos e afastamentos. Se a empresa quer aumentar seus lucros, deve promover mais contratações para que os empregados possam lidar com o volume de trabalho e com as metas crescentes, e com um ambiente profissional mais saudável.
Aumento da sobrecarga de trabalho
No terceiro trimestre de 2016, o Itaú tinha 67,9 milhões de clientes, número que saltou para 87,5 milhões no terceiro trimestre de 2021. Um aumento de 28,9%. A quantidade de trabalhadores, por sua vez, aumentou apenas 5,5% no mesmo período, passando de 81.737 para 86.195. Os dados são do Banco Central e das Demonstrações Financeiras do Itaú.
"O Itaú se vende como um banco tecnológico, do futuro, e diz na imprensa que está mudando, passando por uma transformação cultural, mas infelizmente a realidade de quem trabalha nele é totalmente diferente. As pessoas trabalham com muito medo e pressão. É vergonhoso um banco que lucra bilhões deixar de contratar funcionários em número suficiente e, sobretudo, demitir bancários que voltam de licença médica e bancárias que acabaram de ser mães e enfrentarão dificuldades para manter suas famílias", acrescenta Campolungo.
"Isso é muito Itaú”. Este é um dos mais recentes slogans que aparecem nas publicidades do banco, sempre valorizando o dinamismo e a modernidade da instituição. Entretanto, para os bancários, a frase “isso é muito Itaú” não tem um significado positivo. Na prática, para os trabalhadores, ser “muito Itaú” significa adoecimento, sobrecarga de trabalho, desvios de função, fechamento de agências e assédio moral. Por tudo isto, o Sindicato reivindica o fim das demissões, mais contratações e a redução das metas", conclui o diretor.
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