21/09/2020
Bolsonaro diz que não vai privatizar a Caixa, mas processo de venda segue a todo vapor
Ao mesmo tempo em que Bolsonaro diz que não vai privatizar a Caixa Econômica Federal, a direção do banco dá continuidade ao processo de abertura de capital da Caixa Seguridade. Em uma live que aconteceu na última quinta-feira (17), o presidente afirmou que a Caixa, o Banco do Brasil e a Casa da Moeda não serão privatizados. No entanto, outro Fato Relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no dia 15 de setembro, a Caixa Seguridade informou que a Assembleia Geral Extraordinária aprovou o desdobramento das ações de emissão da empresa – uma maneira de tornar o preço da ação mais acessível aos investidores.
Com isso, o número de ações ordinárias (que dão direito a voto nas assembleias da empresa) em que se divide o capital da Companhia passará de 1,2 bilhão para 3 bilhões.
“As ações resultantes do desdobramento aprovado conferirão integralmente aos seus titulares os mesmos direitos das ações ordinárias existentes, inclusive em relação à distribuição de dividendos e/ou juros sobre capital próprio e eventuais remunerações de capital que vierem a ser distribuídas pela Companhia”, diz o Fato Relevante.
Para o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, o governo fala uma coisa e faz outra. “Se não vai privatizar, por que editou uma Medida Provisória permitindo a venda de partes da Caixa? Todas essas ações contraditórias entre o que Bolsonaro diz e o que sua equipe faz têm a intenção de confundir a população”, opina. “Ele (Bolsonaro) diz que não vai privatizar (a Caixa), mas a realidade é que o governo dá passos largos rumo à venda do banco. Basta ver as ações orquestradas com a direção da Caixa. Mal Bolsonaro editou a MP 995 e a Caixa soltou dois Fatos Relevantes dando prosseguimento à abertura de capital. A privatização da Caixa já começou”, disse.
Takemoto se refere a dois Fatos Relevantes divulgados imediatamente após a edição da MP 995. O primeiro, divulgado no dia 12 de agosto, informava sobre a retomada do IPO da Caixa Seguridade e as negociações no Novo Mercado da B3. Já o segundo documento, do dia 13 de agosto, anunciava a criação de uma nova sociedade a partir da subsidiária Caixa Seguridade para explorar as atividades do Balcão Caixa por 20 anos.
Na avaliação do diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Antônio Júlio Gonçalves Neto, o objetivo do governo aliado à atual gestão da Caixa é negociar as operações mais rentáveis e encolher a função social do banco público, de modo a facilitar o caminho para a privatização. "O IPO da Caixa Seguridade abre forte precedente para a entrega da própria Caixa à iniciativa privada. A sociedade e os trabalhadores perdem muito com o fatiamento do banco que exerce a função de impulsionador do desenvolvimento econômico e social, papel relevante para ajudar o país a diminuir o impacto da crise mundial, voltando a gerar emprego e apostando no caminho do desenvolvimento, tanto quanto as demais empresas públicas. Os ataques aos direitos dos empregados são parte do mesmo processo. Mais do que nunca, a defesa da Caixa 100% Pública e dos seus trabalhadores são lutas urgentes e indissociáveis", ressalta o diretor.
Afinal, o governo pretende ou não privatizar a Caixa?
A representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, descontrói o discurso do governo de que não quer vender o banco, já que na prática se pretende privatizar por meio de subsidiárias. Confira o vídeo:
População não quer a privatização da Caixa
Enquanto o Governo Bolsonaro e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, aceleram a privatização da Caixa, os brasileiros se posicionam contra a venda do banco público. Em uma pesquisa realizada pela revista Exame, em parceria com o Ideia - instituto especializado em opinião pública, 49% dos entrevistados disseram ser contra a privatização da Caixa. Enquanto 22% disseram ser a favor e 19% dos entrevistados ficaram neutros. 9% não souberam opinar. O levantamento foi feito com 1.235 pessoas, por telefone, em todas as regiões do país, entre os dias 24 e 31 de agosto. Leia aqui.
Em outra pesquisa, desta vez realizada pela revista Fórum, entre os dias 14 e 17 de julho, mostrou que 60,6% dos participantes são contrários à privatização do banco público. A revista ouviu a opinião de 1000 brasileiros sobre a venda de estatais. A empresa que teve a maior rejeição contra a privatização foi a Caixa. Leia mais.
No Congresso
Nas enquetes sobre projetos que tratam de privatizações no Congresso, a ampla maioria dos participantes deixa claro que a venda da Caixa é rejeitada.
Conheça os projetos e vote também:
Projeto de Lei 4.269/2020 – torna crime a privatização de estatais sem aval do Congresso.
Autores: Érika Kokay (PT/DF) e Frei Anastacio Ribeiro (PT/PB)
Enquete – Concordam com o projeto: 87% dos votantes; Discordam do projeto: 13% dos votantes.
Vote a favor aqui.
Projeto de Lei 2.715/2020 – paralisa as privatizações até 1 ano após o estado de calamidade pública.
Autores: Enio Verri (PT/PR), Perpétua Almeida (PCdoB/AC), Fernanda Melchionna (PSOL/RS) e Joenia Wapichana (REDE/RR)
Enquete – Concordam com o projeto: 94% dos votantes; Discordam do projeto: 6% dos votantes.
Vote a favor aqui.
Medida Provisória 995/2020 – 97% dos votantes são contra a Medida Provisória que permite a privatização da Caixa por meio da venda de suas subsidiárias.
Vote contra aqui.
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