21/03/2019
Movimento sindical cobra banco Itaú sobre demissões e reivindica redução do turnover
Os representantes dos trabalhadores cobraram da direção do Itaú resposta sobre as demissões que vêm ocorrendo no país todo, principalmente na Área Operacional das Agências. Essas demissões atingem funcionários com muitos anos de banco e que estão perto da pré-aposentadoria.
Vários Gerentes Operacionais estão sendo demitidos e na reunião realizada na quarta-feira (20), na sede da Contraf-CUT o Itaú foi questionado sobre uma possível reestruturação nas agências.
O banco respondeu não ter nenhuma resposta imediata sobre os temas apresentados e se comprometeu a levar os questionamentos para as áreas envolvidas e dar retorno posteriormente.
Os representantes do banco apresentaram números de demitidos e admitidos em 2018, sendo que o saldo de contratações foi positivo com um turnover de 10%. Foram contratados 9.870 funcionários e demitidos 8.618. O mesmo ocorreu no mês de janeiro de 2019, quando foram admitidos 718 trabalhadores e demitidos 664.
“O banco nos apresentou um saldo positivo de postos de trabalho, mas o turnover ainda permanece alto. Cobramos a redução desta rotatividade para um dígito”, disse Jair Alves, coordenador da COE do Itaú.
Redução das agências
Os representantes dos trabalhadores também cobraram a criação centro de realocação e qualificação, uma conquista da Campanha Nacional de 2016. “Esta é uma discussão que foi transferida para as comissões de empresas. A ideia é que os bancos, antes de demitir seus funcionários, busque requalificá-los e os realoque em outras áreas onde tenham vagas. Assim conseguiremos reduzir o número de demissões e o turnover que deixam os funcionários apreensivos com o medo do desemprego”, explicou Jair.
Segundo o dirigente, as contratações são direcionadas para pessoas mais jovens e com conhecimentos na área de tecnologia da informação. Já as demissões são de caixas, gerentes e demais cargos da área operacional das agências.
O banco está aperfeiçoando os processos digitais, em preparação para a ampliação das agências digitais, e nega que seja uma orientação a demissão de pessoas com mais tempo de casa. Se não há uma orientação neste sentido, é necessário orientar os gestores do contrário, pois muitas demissões atingem pessoas que estão prestes a adquirir a pré-estabilidade para a aposentadoria a que a categoria tem direito.
Os itens “e” e “f” da cláusula 27 da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria garante a estabilidade de “pré-aposentadoria” de 12 meses antes de se completar o tempo para a aposentadoria aos empregados com, no mínimo, cinco anos de vínculo empregatício com o banco. Para os empregados com 28 anos de vínculo empregatício com o banco a estabilidade aumenta para os 24 meses anteriores ao tempo de se completar a aposentadoria pela Previdência Social.
Além da pauta principal, a Comissão de Organização dos Empregados (COE) aproveitou para questionar o banco sobre o reajuste de 11% no plano de saúde e solicitou a reativação do Grupo de Trabalho que debate questões relacionadas ao convênio médico, para que o tema voltasse a ser debatido com os trabalhadores.
O aumento da cobrança de metas do Agir também foi motivo de cobrança ao banco, além da burocracia para encaminhamento e retorno de documentos e outras solicitações à Área de Pessoas (RH), que está causando transtornos aos bancários.
O Itaú se comprometeu a dar retorno na próxima reunião que será agendada para abril, ainda sem data definida.
Proposta
A COE e a Contraf-CUT vão elaborar uma proposta para enviar ao banco sobre a questão do emprego, da remuneração, incluindo os programas próprios. A proposta também tratará sobre a retomada das reuniões do GT de Saúde e de questões envolvendo o convênio médico.
O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região e funcionário do Itaú, Carlos Alberto Moretto, destaca que qualquer alteração nas agências deve ser discutida com os respresentantes dos trabalhadores, e devem ser apresentadas justificativas para tantas dispensas na área operacional.
"Reivindicamos do banco que as mudanças ocorram num processo transparente e que o Itaú respeite seus trabalhadores. O Sindicato está atento e espera que o banco apresente uma proposta de realocação para esses funcionários."
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