09/05/2014

Lucro de R$ 2,7 bi mostra que BB não contrata bancários porque não quer

O lucro de R$ 2,648 bilhões do Banco do Brasil no primeiro trimestre de 2014, conforme balanço divulgado nesta quarta-feira (7), comprova que o BB não contrata funcionários porque não quer. O resultado significou um crescimento de 4,7% em relação ao mesmo período do ano passado e uma queda de 11,5% no trimestre.

Além de não contratar, o BB prosseguiu a redução de postos de trabalho, o que é injustificável. O banco cortou 43 empregos nos primeiros três meses do ano, totalizando o fechamento de 1.492 vagas nos últimos 12 meses (queda de 7,5%). O quadro de funcionários caiu de 113.665 em março de 2013 para 112.173 em março deste ano, segundo análise da Subseção do Dieese da Contraf-CUT com base no balanço do banco.

"Essa redução de empregos não tem cabimento, ainda mais que o acordo coletivo que o BB assinou com as entidades sindicais na Campanha Nacional 2013 prevê a contratação de 3 mil bancários até agosto deste ano", afirma William Mendes, secretário de Formação da Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB. "O que o banco está esperando para admitir os concursados?", pergunta.

"Sem ampliar o quadro de pessoal, a direção do banco está arrebentando a saúde dos bancários e piorando as condições de trabalho", alerta o dirigente sindical.

No primeiro trimestre, o BB inaugurou 24 agências, somando 83 nos últimos 12 meses. Assim, o banco totalizou 5.474 agências em março de 2014. 

Todo esse resultado estrondoso corresponde a uma rentabilidade sobre o patrimônio líquido anualizado (ROE) de 15,5%.

Mais crédito

A carteira de crédito ampliada cresceu 18,0% em 12 meses, atingindo um montante de R$ 699,3 bilhões (alta de 0,9% no trimestre). As operações com pessoa física cresceram 8,6% em relação a março de 2013, chegando a R$ 169,7 bilhões, o que representa 24,3% do total das operações de crédito. 

Já as operações com pessoa jurídica alcançaram R$ 324,5 bilhões, com elevação de 16,9% em comparação ao 1º trimestre de 2013, totalizando 46,4% do total do crédito. O crédito voltado para o agronegócio, que representa praticamente 21% da carteira, cresceu 35,7% em 12 meses. 

Inadimplência cai, mas PDD dispara

O índice de inadimplência superior a 90 dias ficou praticamente estável, com queda de 0,03 ponto percentual, ficando em 1,97% no 1º trimestre do ano em relação a março de 2013. 

Apesar da baixíssima inadimplência, o banco elevou suas despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) em 36,7%, em 12 meses, bem acima do crescimento do volume da carteira. "Trata-se de aumento absurdo da PDD, maior que o aumento no crédito, sendo que a inadimplência do banco é quase a metade do setor financeiro", destaca William.

Receitas de tarifas x despesas de pessoal

As receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceram 6,7% em 12 meses, enquanto as despesas de pessoal subiram 3,7%. Com isso, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco subiu de 120,6% para 123,9% no 1º trimestre de 2014.

Provisões para demandas cíveis e trabalhistas

Houve queda de 7,74% nas provisões para demandas trabalhistas e crescimento de 21,5% nas provisões para demandas cíveis, sendo estas últimas relacionadas a ações movidas por clientes contra o banco em virtude de questões como cobrança de tarifas abusivas, venda casada e descumprimento de cláusulas contratuais, entre outras. Em média, essas provisões cresceram 9% no trimestre.

"O Banco do Brasil, um banco público que deveria dar o exemplo de cumprimento das leis no país, tem uma provisão de cerca de 3 bilhões por não respeitar os direitos trabalhistas de seus funcionários. Precisa dizer mais alguma coisa sobre como anda a gestão deste banco? Isso é Bom Pra Quem?", questiona o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.

Passivos contingentes

Os passivos contingentes somaram R$ 10 bilhões, entre os quais se destacam R$ 2,2 bilhões decorrentes de autuações do INSS visando o recolhimento de contribuições previdenciárias incidentes sobre abonos salariais pagos no período de 1995 a 2006 e R$ 62,5 milhões sobre o pagamento de PLR no período de abril de 2001 a outubro de 2003.

"Todos esses números do balanço atestam mais uma vez que o BB reúne plenas condições financeiras para ampliar as contratações e melhorar as condições de trabalho. Não tem sentido o tremendo sufoco que os funcionários estão passando hoje, prejudicando a saúde e comprometendo a qualidade de vida", conclui William.


Fonte: Contraf-CUT

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